Tenho tentado estar aliada das notícias para não deslocar a minha concentração do objeto que me quer só dele, sabe Deus até quando. Mas o ruído provocado pelo chumbo do TC é signo demasiado assustador, doloroso para se conseguir ficar alheia. Respeitar a Constituição é dogma. Respeitar, entre outros princípios, o da igualdade, também é dogma. Ou será que não? Ou será só para alguns? É que conheço quem…
- … tenha sido despedido e tenha recebido valor da indemnização abaixo do valor da lei. Ir para tribunal aumentava o sofrimento;
- … tenha sido despedido e tenha recebido valor da indemnização de lei. Andou anos à procura de emprego e nada. Encontrou-o porque um familiar lá o encaixou numa das suas empresas;
- … tenha sido convidado a permanecer no seu trabalho a 50% e a receber, por isso, menos 50% do salário;
- … no final do mês recebeu menos salário, apesar de estar a trabalhar as mesmas horas… Foi-lhe dito que... «teve de haver ajustamento de salários...»;
- … tenha sido convidado a permanecer no seu trabalho a 100%, mas a receber menos 10% do salário e a trabalhar mais horas por semana;
- … trabalhe aqui e ali a recibos verdes. Cumpre horário e passado, muitas vezes, mais de 6,7,8 meses recebe o primeiro mês, ficando por receber os outros; irá receber sabe Deus quando - dizem: coisas do POPH. São meses a gastar gasóleo, portagens, alimentação…, pagar uma fortuna de segurança social… restando uns míseros euros de lucro - quando sobra;
- … tenha perdido o emprego e tenha encontrado além fronteiras um salário. Sofre com a saudade da família, dos amigos…;
-… ande há mais de uma década em busca de trabalho mais certo, com contrato, mas não encontra e vai fazendo o que há para fazer…;
- Mas conheço também quem reclame há anos e anos pelos seus direitos e, sendo verdade que pode ter perdido poder de compra, continua com o seu emprego. Gozando dos seus direitos e (vai) cumprindo com os seus deveres. Mas o emprego não o perde. Redescobri ontem com a decisão do TC que até as mais altas instâncias portuguesas asseguram-lhes muitas coisas e assim percebe-se o «princípio da igualdade».
Há mais exemplos, mas estes já chegam para refletirmos sobre o signo linguístico «princípio da igualdade».
Vou voltar ao objeto que já está com ciúmes. Lá reside o que ainda pode dar esperança, alegria: conhecimento. Assim espero. Assim desejo. O futuro dirá.
AJO
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